segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Nosce te ipsum

Escava dentro de ti. É lá que está a fonte do bem, e esta pode jorrar continuamente, se a escavares sempre. Marco Aurélio.

Em todos os processos de seleção que realizo, sempre encontro a oportunidade de fazer a seguinte pergunta, ao candidato:

Somos o resultado de um jogo de “forças e fraquezas” – as primeiras, que contribuem com o nosso desempenho e as outras, que o comprometem. O que você pode falar sobre as suas?

Vez por outra, escuto uma resposta sensata e coerente, que oferece uma idéia segura de quem está à minha frente, mas não é sempre assim. Nem sempre escuto uma resposta honesta, que não seja uma “colagem” dessas respostas prontas que se lêem em qualquer manual de dicas para quem está procurando emprego (nestes momentos, lembro do “Poema em linha reta”, de Fernando Pessoa – “nunca conheci alguém que tivesse levado porrada…”)

Qual a dificuldade de olhar para dentro de si? Eu sei, e você também deve saber, que conhecer as suas próprias limitações é um pré-requisito fundamental para quem deseja ser um líder. Mais do que isso: é uma oportunidade única de ser honesto consigo mesmo. Apesar disso, freqüentemente chego nesse ponto e a entrevista “trava”.

Por outro lado, outras pessoas que conheci conseguem falar de si próprios e não são poucos os que tiram proveito das suas fraquezas. Vou ilustrar: recentemente, entrevistei diversas pessoas em diferentes pontos do país, todos considerados líderes em suas atividades.

Um deles, além de atuar como um grande empresário, também está no terceiro setor: presidiu inúmeras entidades de classe ou assistenciais e todas com muito sucesso e reconhecimento social. Lembro-me que, ao falar das suas equipes e dos critérios que utiliza para montar o seu time, foi direto a este ponto: ele reconhece as suas próprias fraquezas e procura trazer outras pessoas que sejam fortes justamente onde ele é fraco. Agindo dessa forma, sempre foi vitorioso, na sua empresa e presidindo entidades.

Aí está: quem esconde as suas fraquezas ou tem dificuldades para reconhecer os seus defeitos, perde a oportunidade mais importante de superar as suas limitações com o auxílio dos outros. Não é possível ser bom em tudo. E nem existe alguém assim. Somos um “conjunto de coisas muito boas e de coisas nem tão boas”. É o equilíbrio que nos faz ser quem somos e não há como separá-las. Pense numa moeda com duas caras. Ou com duas coroas. Não existe.

Olhar para esse conjunto é um exercício de auto-conhecimento que não é dos mais fáceis. Você precisa de muita honestidade para parar em frente do espelho e apontar, em si mesmo, o que pode ser um ou vários defeitos. E é preciso de muito mais honestidade para fazer esse reconhecimento em público. Mas é o que precisa ser feito – ninguém vai acreditar que você é aquele super-homem ou super-mulher que aparenta ser e a verdade vai aparecer em algum momento constrangedor.

Olhe para dentro de si. É o exercício de humildade que a frase “nosce te ipsum” (conheça-te a ti próprio), que segundo a tradição, estaria inscrita nos pórticos do Templo de Apolo em Delfos, na antiga Grécia – ao lado de outra inscrição: “Nada em excesso” – e que escolhi como título deste artigo, sugere. Confie em mim: não existe razão alguma para não fazer isso: pelo contrário, é, na minha opinião, a maneira mais eficiente de receber o apoio que você precisa da sua equipe.
By: Roni Chittoni

Achei o texto muito bom, postei para compartilhar com os demais e se for possível discutir sobre este assunto nos comentários!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

World Clock